segunda-feira, 4 de julho de 2011

Poema

O Mistério está todo na infância
E, por fim, Deus regressacarregado de intimidade e de imprevistojá olhado de cima pelos séculoshumilde medida de um oral silêncioque pensámos destinado a perder
Eis que Deus sobe a escada íngrememil vezes por nós repetidae se detém à espera sem nenhuma impaciênciacom a brandura de um cordeiro doente
Qual de nós dois é a sombra do outro?Mesmo se piedade alguma conservar os mapasdesceremos quase a seguirdesmedidos e vazioscomo o tronco de uma árvore
O mistério está todo na infância:é preciso que o homem sigao que há de mais luminosoà maneira da criança futura
José Tolentino Mendonça
Este poema é hoje apresentado ao Papa, no início da exposição “O esplendor da verdade, a beleza da caridade”, que vai estar patente até 4 de Setembro, na Cidade do Vaticano (átrio da sala Paulo VI). A iniciativa insere-se nas comemorações do 60.º aniversário da ordenação sacerdotal de Joseph Ratzinger (29 de Junho de 1951), incluindo trabalhos de pintura, escultura, fotografia, poesia, música, e outras artes de seis dezenas de artistas de vários países, entre os quais está o padre e poeta português.(um bom amigo)

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