sábado, 25 de junho de 2011

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Curioso...

Ridiculamente... manipulados
O recente ‘baptizado’ do filho de um futebolista e de mais duas crianças – muito falado e trazido à liça em maré de constituição do novo governo do país – e até pela participação indirecta no facto, trouxe-me à reflexão vários aspectos: o conceito mais correcto de paróquia, a conexão entre residentes e paroquianos, a exploração das crianças em iniciativas (sociais) dos adultos... e até a figuração das entidades religiosas nas prosápias de gente com dinheiro, mas sem cultura... cristã aceitável.Explicando: - Para que pudesse acontecer o baptizado do filho de Cristiano Ronaldo, de um sobrinho e de uma outra criança, tive de assinar – enquanto pároco da Moita, área onde reside a irmã da (dita) vedeta – os papéis de transferência para outro espaço territorial, embora dentro da mesma diocese (territorial), mas sob a jurisdição das Forças Armadas.- Mesmo que à pressa os ‘papéis’ foram feitos, sem que tenha havido da parte da mãe da criança residente na área da paróquia, a mais pequena atenção ao gesto (meramente) administrativo... e nem sequer foi perguntado quanto era o custo pelo uso do carimbo adstrito ao documento de transferência.- A data da ‘cerimónia’ já estava marcada – entre avanços e recuos, por entre conjecturas e suspeitas, para além de assédios noticiosos e de outra contra-informação – tendo em conta os interesses particulares e nada tinha sido tratado formalmente... embora já houvesse oficiante e até local definitivo...para tal evento de espavento, espanto e estupefacção.Postos estes factos – alguns deles quase ridículos ou, pelo menos, risíveis – como que se pode (ou deve) perguntar pela significação religiosa e cristã do acontecimento, sobre as condições dos intépretes e suas funções, sobre a consciênca cristã de missão de pais/mães e (pretensos) padrinhos/madrinhas e até pela envolvência eclesial – anterior, actual e futura – da celebração deste sacramento fundante da iniciação cristã.= Questões pela negativa... conhecidasAo ver aquele espectáculo televisivo na área da paróquia onde estou há menos de um ano, vinha-me à lembrança: e se não tivesse assinado aqueles papéis de faz-de-conta para a transferência destes baptismos, que seria dito publicamente, tanto sobre a Igreja como sobre o padre, que tal pretensão obstaculizassem? Sem me dar (totalmente) conta também contribui para aquela farsa... de exploração de três crianças e para que certos adultos se banqueteassem e exibissem nas televisões. Sem total consciência do mal feito, a fé foi sobposta ao serviço da manipulação dos interesses económicos e de imagem de gente endinheirada, mas culturalmente subsenvolvida.= Questões de matéria pastoral... urgenteDiante deste jogo de promoção (quase) indecorosa, enquanto Igreja minimamente consciente da sua função neste mundo secularizado e laicista, creio que são de colocar alguns aspectos bem mais substanciais do que aquele espectáculo com algumas luzes e muitas sombras.- Não está na hora de fazer cair o conceito de paróquia territorial adstrita à configuração civil e/ou social? - Não seria preferível responsabilizar mais quem aceita as crianças ao baptismo do que que tem de assinar papéis sem que nada tenha a ver com as circunstâncias?- Um novo conceito de paróquia não deveria exigir menos celebrações e mais compromissos...sejam eles de ordem pessoal, sejam no alcance familiar e, sobretudo, comunitário?Com maior ou menor confusão – social e noticiosa – outros párocos terão questões idênticas ou ainda muito piores. No entanto, não nos deixemos afligir pela sonoridade de quem reclama, mas pouco conhece, pois a era da cristandade parecendo ter passado, deixando, no entanto, muitos resquícios e tiques, uns assumidos e outros mais ou menos tolerados!António Sílvio Couto

quarta-feira, 1 de junho de 2011